Ando há muito tempo para descer à zona dos barcos da praia dos pescadores na Ericeira. Aquele mundo fascina-me. Os barcos, os objectos associados à pesca, a azáfama envolvente. São redes que se consertam, barcos que se pintam, barcos que entram na água, barcos que saem para a doca seca. Este foi o meu primeiro desenho da tarde feito no bloco A4, formato que me agrada muito mais por permitir maior liberdade de movimentos. Um dos pescadores aproximou-se para ver o desenho. Ficou fascinado por estar a desenhar com caneta e não com lápis. "Isso não dá para apagar, pois não?" perguntou. Respondi-lhe que era por isso que utilizava a caneta. O desenho sai como tem de sair, não há ajustes nem emendas. Trabalha-se sem rede. Na pesca também não há margem para erros. Um erro é fatal. Chegaram outros pescadores também eles interessados no desenho. E ali ficámos a conversar enquanto desenhava. O barco é o orgulho do pescador e por isso cada um fez questão de me mostrar o seu. Foi uma tarde muito interessante. Fui muito bem recebido. Despedi-me com a promessa de que na próxima vez irei desenhar os seus barcos.
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